sobre David Lynch e nossa condição

Acabo de ver no Bluesky que David Lynch morreu. Ainda jovem para os padrões de hoje: 78 anos. Teve uma vida longa e uma filmografia idem, mas fica aquela sensação de que ele poderia ter feito muito mais. (Pensando, por exemplo, em Manoel de Oliveira, que viveu até a incrível idade de 106 anos e realizou 32 longas e quase a mesma quantidade de curtas e documentários.) Lynch fez apenas dez longas, o que me surpreendeu quando fui pesquisar agora, porque para mim ele era tão imenso que parecia ter feito muito mais.

Mas eu fico pensando é na qualidade das narrativas dele. Lynch era um David que, igual ao outro (o Bowie) não tinha medo de face the strange, encarar o estranho, e jogar esse estranhamento para nós. Eraserhead, Blue Velvet, The Lost Highway, Mulholland Drive e até mesmo sua versão rejeitada de Duna: tudo isso e mais outros tantos filmes (mesmo O Homem Elefante, que é mais “quadrado” formalmente) onde ele fez o que quis, do jeito que quis, sem nenhuma preocupação com a indústria. Ele faz parte de um grupo de artistas – cineastas, escritores e outras mais – que se interessam mais pela forma que pelo conteúdo. Ainda vou falar mais sobre isso, mas hoje é um dia de luto e reflexão. E de assistir David Lynch.

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