Filmes de Junho – e um Desafio para Julho

Junho foi um mês ligeiramente acima da média (32 filmes assistidos), o que me surpreendeu bastante porque foi o mês em que passei quase 15 dias na China e lá eu quase não vi filme nenhum (apenas dois, e no celular), mas como não durmo em viagens de avião, os filmes que assisti a bordo compensaram os que deixei de ver em terra. Vamos a eles.

Langlois – Roberto Guerra e Eila Hershon
Assault on Precinct 13 – John Carpenter
Ungentle – Huw Lemmey, Onyeka Igwe
Senhoritas em Uniforme- Leontine Sagan
The Legend of Hell House – John Hough
Pino – Walter Fasano
Bob Marley, One Love – Reinaldo Marcus Green
Tár – Todd Field
L’Innocent -Louis Garrel
The Banker – George Nolfi
Os Sonhadores – Bernardo Bertolucci
Forbidden Planet- Fred M. Wilcox
Delta Space Mission – Mircea Toia e Calin Cazan
Andrey Tarkovsky – A Cinema Prayer – Andrei A. Tarkovsky
The Fantastic Beautiful – Simon Aboud
Downton Abbey, o Filme – Michael Engler
Elis e Tom – só tinha de ser com você – Roberto de Oliveira
She Came to Me – Rebecca Miller
Império da Luz- Sam Mendes
Mussum, o Filmis – Silvio Guindane
The Asphalt Jungle- John Huston
Remembering Gene Wilder – Ron Frank
Divertida Mente 2 – Kelsey Mann (cinema)
The Quiet Earth – Geoff Murphy
Black Barbie, a Documentary – Lagueria Davis
Herança – Vaughn Stein
Phase IV – Saul Bass
Sorcerer – William Friedkin
Berberian Sound Studio – Peter Strickland
Feito na Inglaterra: os Filmes de Powell e Pressburger
Años-luz – Manuel Abramovitch
Sob as Águas do Sena – Xavier Gens

Estatísticas:

. Dos 32, apenas 4 foram dirigidos por mulheres: dois documentários, um deles a quatro mãos, e duas ficções. Muito pouco, mas isso agora vai acabar (mais sobre isso no fim deste post).

. Dos 32, eu já havia assistido seis. Os que mais revi foram Downton Abbey (sou fã confesso da série, já revi três vezes) e The Quiet Earth, um filme de ficção científica independente e muito bom, que vi em VHS pouco depois de seu lançamento e alguns anos mais tarde não lembro mais onde. Só sei que, ao rever agora, constatei que não lembrava quase nada mais, e isso acabou sendo ótimo, pois preservou o sense of wonder.

. Com Patrícia novamente assisti apenas a um filme em junho, Divertida Mente 2 – que foi bacana e divertiu, mas apesar de seguir uma fórmula que tem tudo para agradar, desta vez ficou aquém do primeiro, com uma premissa muito boa mas uma execução simplista e muito direta, que poderia ter sido um curta.

. Este mês foi particularmente interessante em termos de idiomas: foram nove filmes falados em idiomas que não o inglês. Um em romeno, um em russo, um em espanhol, um em alemão, um em italiano e dois em francês (na verdade um e meio, porque Os Sonhadores é falado em francês e inglês), e dois em português, vejam vocês. O documentário Elis e Tom e a biopic Mussum, o Filmis, dois filmes que me agradaram muito e contribuíram para reduzir meu incômodo patológico em ver filmes brasileiros (que é algo recente e nada tem a ver com a qualidade dos filmes brasileiros, que são espetaculares).

Como nos demais meses, os filmes foram listados na ordem em que os assisti, sem classificação de qualidade; entretanto, me reservo o direito de recomendar que vejam os que mais gostei e, da mesma maneira, sugerir que passem longe dos que não gostei. A saber:

Os que mais gostei:

. The Legend of Hell House – ou, A Casa da Noite Eterna, como ficou conhecido no Brasil. Vi esse filme no meu primeiro cinema poeira, o cinema da Igreja Nossa Senhora do Carmo, na Zona Norte do Rio, onde fui batizado e que nos anos 1970 abrigaria no subsolo um cineminha onde vi pela primeira vez A Noviça Rebelde, O Poderoso Chefao e Zardoz, entre muitos outros. Este filme, baseado num livro de Richard Matheson, tem uma história bem acima da média dos filmes de terror da época, embora com uma certa exploração do corpo feminino que hoje é de mau gosto mas que, confesso, me agradou na adolescência. A história, porém, está acima disso tudo e ainda se sustenta depois de 50 anos.

. She Came to Me – vi esse filme de Rebecca Miller no avião voltando para o Brasil, e que surpresa agradável foi ver Peter Dinklage como compositor de ópera em crise (e sem nenhuma menção à sua altura, pois não faz diferença na história) num filme em que o homem faz as cagadas habituais no relacionamento mas desta vez para, escuta, pede desculpas e busca aprender. Eu sei, quase dei um spoiler agora, mas vale muito a pena.

. Assault on Precinct 13 – Eu nunca tinha visto esse filme de John Carpenter. Aproveitei que o Criterion Channel está exibindo um especial temático Synth, só com filmes cujas trilhas sonoras são de música eletrônica, e devorei esse filme (se usa “devorar” com filmes? Sei que se usa com livros e de agora em diante usarei também para filmes). O filme é literalmente uma porrada, com cenas ainda hoje impactantes (a do carrinho de sorvete é muito ousada, ainda nos dias de hoje). Recomendo.

Corra que o filme ruim vem aí:

. Bob Marley, One Love – Quando vi o trailer no cinema, fiquei muito a fim de ver. Mas acabei vendo no avião e, acreditem, foi melhor assim. O filme não é constrangedor, mas é bem clichê e rende como uma Sessão da Tarde para maconheiros (isso não é uma crítica; nada contra, pelo contrário).

. The Fantastic Beautiful – Esse filme foi uma grande decepção. Só atores bons (Jessica Brown Findlay, Andrew Scott e o recém-falecido Tom Wilkinson) e um roteiro que vai bem até a metade, depois descarrilha que é uma beleza de acidente. Capacitista (porque mostra uma moça autista mas que vai aos poucos meio que deixando de ter características autistas por conta de vários fatores externos, o que não faz o menor sentido) e machista (porque a moça é assediada por um rapaz intrusivo, arrogante – e porco – que ainda por cima a trai, mas no fim ele se desculpa e tudo bem, ela volta pra ele). Passem muito longe deste.

. Sob as Águas do Sena – Ok, esse nem valeria colocar aqui. Apesar de ter Berenice Béjo no elenco, é um filme feito pra ser blockbuster de Netflix, e nessa categoria ele não faz feio. Mas os CGIs do tubarão comendo gente são over de um nível Sharknado, só que sem a mesma autoparódia – e mesmo nos filmes mais “descolados”, os franceses conseguem ser reaças, colocando os ecologistas como jovens irresponsáveis (todos brancos de classe média, até aí ok) e a valorosa polícia fluvial como os grandes herois do pedaço (todos negros e árabes, o que é bem bacana, mas pena que eles acabam se vendendo ao sistema e se revelando tão autoritários quanto os brancos). É pra tirar o cérebro da cachola antes de ver.

O DESAFIO DE JULHO: Isto aqui é novo: eu venho falando desde o fim de 2023 que quero ler mais livros escritos por mulheres e ver mais filmes dirigidos por mulheres ou com mulheres protagonistas fortes – mas falar é fácil. Patrícia, sempre perspicaz, percebeu e me propôs um desafio gamificado (palavras dela): ela me propôs procurar ativamente filmes com mulheres protagonistas e/ou na direção e deu até um número: eu devo assistir no máximo 20 por cento de filmes dirigidos por homens ou com protagonismo masculino. Desafio aceito: já comecei o mês bem, com três filmes bacanas, todos com mulheres incríveis à frente do elenco. Mais sobre isso em breve.

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