Filmes de Abril

Foram 30 filmes em abril. Esse foi um mês muito bom para a minha cinefilia. Teve de tudo um pouco, do excelente ao muito ruim, mas que valeu até artigo jornalístico, então está valendo. A lista:

In a Lonely Place – Nicholas Ray
O Salário do Medo – Julien Leclercq
Noite Passada no Soho – Edgar Wright
A Grande Entrevista- Philip Martin
Terra à Deriva – Frant Gwo
Jogo Bonito – Thea Sharrock
Millenium – a Garota na Teia de Aranha – Fede Alvarez
A Taste of Honey – Tony Richardson
Código 46 – Michael Winterbottom
Zona de Interesse – Jonathan Glazer
Amadeus – Milos Forman
Oppenheimer – Christopher Nolan
Sérgio Ricardo, uma Outra História do Cinema Novo – Rafael Rosa Hagemeyer
O Salário do Medo – Henri-Georges Clouzot
O Talentoso Ripley – Anthony Minghella
Dias Perfeitos – Wim Wenders
A Corte Marcial do Navio da Revolta – William Friedkin
The Post – Steven Spielberg
Plein Soleil – René Clement
2010 – Peter Hyams
Chungking Express – Wong Kar Wai
Rebel Moon, Part 1 – Zack Snyder
Rebel Moon, Part 2 – Zack Snyder
Freud’s Last Session – Matt Brown
Iceman – Fred Schepisi
A Chegada – Denis Villeneuve
Estranha Forma de Vida – Pedro Almodóvar
Crisis on Infinite Earths, Part 1 – Jeff Wamester
Here Comes Mr. Jordan – Alexander Hall
Bombshell: The Hedy Lamarr Story – Alexandra Dean

Estatísticas:

. Dos 30 filmes, apenas dois foram dirigidos por mulheres, ambos bons: Jogo Bonito é uma história de futebol bem feel good, daquelas que exaltam o valor da amizade. E sabe de uma coisa? Precisamos de mais filmes assim, com esse Ted Lasso feeling (se você não sabe quem é Ted Lasso, corra atrás porque vale muito a pena). Bombshell é um documentário sobre uma das atrizes mais bonitas de Hollywood nos anos 1940 e 1950 e que foi também a inventora do sistema que nos legou o wifi.

. Dos 30, eu já havia assistido cinco. Código 46, Amadeus e 2010 são filmes que revejo sempre que posso. A Chegada e O Talentoso Ripley eu vi apenas pela segunda vez agora, nem sei porquê, porque também são filmes para se rever de tempos em tempos.

. Oito filmes são falados em outros idiomas que não o inglês: um em mandarim, um em alemão, um em japonês, um em português e quatro em francês.

. Um filme brasileiro somente, um ótimo documentário sobre Sérgio Ricardo. Continuo um desastre nesse quesito.

Como nos demais meses, os filmes foram listados na ordem em que os assisti, sem classificação de qualidade; entretanto, me reservo o direito de recomendar que vejam os que mais gostei e, da mesma maneira, sugerir que passem longe dos que não gostei. A saber:

Os que mais gostei:

. In a Lonely Place – Um filme que vale mais como estudo de personagens que como história propriamente dita (embora o mistério de assassinato seja bom). Humphrey Bogart como canalha é algo que sempre me impressiona.

. Noite Passada no Soho – Edgar Wright não costuma errar a mão, e neste caso ele produziu uma pequena obra-prima do cinema recente. O filme tem de tudo: swinging sixties, sensualidade, ficção científica, terror (sobrenatural e não-sobrenatural) e crime. Anya Taylor-Joy é uma alegria de se ver (pun very much intended).

. Amadeus – nunca me canso de ver esse filme. Gostaria de ter visto a peça (aqui no Brasil foi com Edwin Luisi como o jovem Mozart e Raul Cortez como Salieri), mas o filme me consola. Tom Hulce deveria ter ganho o Oscar junto com F. Murray Abraham.

. Dias Perfeitos – esse foi um filme que me surpreendeu. Não fui ao cinema porque, embora goste de praticamente tudo que Wim Wenders faz, fiquei muito incomodado com as críticas positivas ao filme, que me pareceram mais um certo deslumbramento ocidental diante da visão estereotipada que eles têm de uma vida japonesa simples e meditativa. Fico feliz por ter me enganado: o filme tem mais camadas do que se pode supor à primeira vista, tanto que levei alguns dias para de fato entender (ou achar que entendi) o filme e o assimilar como se deve. Para mim ele agora é o melhor filme de Wenders junto com Asas do Desejo e Até o Fim do Mundo. Escrevi uma crítica para o Webinsider que vocês podem ler aqui.

Corra que o filme ruim vem aí:

Abril foi um mês tão rico que eu poderia ter tranquilamente colocado mais uns 5 ou 6 filmes na categoria acima. Não vi nenhum filme constrangedor. Talvez o filme mais fraco dessa leva tenha sido o último de William Friedkin, mas A Corte Marcial do Navio da Revolta é um filme de tribunal bastante interessante baseado na história do motim do Bounty (que por sua vez já foi levada à tela várias vezes ao longo do século passado), que nem a atuação pífia de Kiefer Sutherland consegue estragar.

Ah, quando disse que não vi nenhum filme constrangedor, eu disse uma meia-verdade. Esqueci de Rebel Moon. Mas aquilo ali, vocês vão me perdoar, nem filme é. Leiam a respeito aqui.

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