Fábio Fernandes

Doutor em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, o carioca Fábio Fernandes, nascido em 1966, é jornalista, escritor, tradutor, pesquisador e professor universitário. Traduziu mais de 80 livros, dentre os quais Laranja Mecânica, Neuromancer e Salmo para um Robô Peregrino. Como escritor, já publicou 17 livros, como o romance Back in the USSR, finalista do Prêmio Jabuti 2020 na categoria Literatura de Entretenimento, e a novela Under Pressure, vencedora do Utopia Awards 2023.
Tem experiência na área de Comunicação, com ênfase em Jornalismo Especializado (Cultural, Comunitário, Empresarial, Científico), atuando principalmente nos seguintes temas: Literatura, Cibercultura, Cyberpunk, Ficção Científica, Jogos, Novas Mídias, Moda, Design e Coolhunting. Tem textos acadêmicos e de ficção publicados em vários países. É membro da British Science Fiction Association e da Utopian Studies Society. Atualmente desenvolve pesquisas sobre narrativas de sociedades utópicas, pelo grupo de pesquisa que coordena na PUC-SP, o Observatório do Futuro.
Um aspecto que influencia sua trajetória é o fato de ter sido diagnosticado autista em 2023, aos 56 anos de idade, adicionando uma dimensão única em sua jornada, destacando a importância da neurodiversidade e da inclusão para suas atividades acadêmicas, literárias e profissionais, oferecendo insights valiosos sobre a experiência humana e desafiando estereótipos e preconceitos.
Histórico
Fábio começou a escrever ainda no ensino médio no CEFET-RJ, quando concorreu a um concurso na Universidade Federal de Alagoas em 1985, e ganhou o Prêmio Frei João de Santângela de Dramaturgia. A peça, intitulada Polêmicas, teve leitura dramatizada na Oficina de Dramaturgia promovida pelo comediógrafo João Bethencourt na Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (SBAT) e em 1998, estreou com o nome de Vestidos Brancos no Teatro Villa-Lobos, no Rio de Janeiro, sob a direção de Luiz Armando Queiroz.
Formou-se em Jornalismo pela Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA), trabalhando como tradutor durante o dia, e à noite fazendo plantão na redação do jornal Tribuna da Imprensa, onde escreveu para o caderno de cultura Tribuna BIS. Em 1995 publicou seu primeiro conto profissionalmente, Para Nunca Mais Ter Medo, na revista Dragão Brasil. Foi um período de grande atividade também na área literária: entre 1986 e 2001 traduziu dezenas de livros de autores diversos, entre eles Clive Barker, Anne Rice e Neil Gaiman, além de publicar contos de sua autoria em fanzines de ficção científica.
Em 2000 publicou seu primeiro livro, a coletânea Interface com o Vampiro e ganhou o Prêmio iBest de Melhor Conteúdo para a Web pelo seu trabalho no portal Vento, da empresa de telefonia Vésper, em São Paulo, para onde se mudou em 2001. Cursou mestrado e doutorado em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e se tornou professor da PUC-SP em 2004, no curso de Tecnologia e Mídias Digitais, e posteriormente nos cursos de Tecnologia em Jogos Digitais e de Jornalismo.
Também em 2004, Fabio Fernandes traduz o que viria a ser seu livro mais importante na área literária: o clássico Laranja Mecânica. Para a tradução, ele escreveu um extenso prefácio detalhando o processo de pesquisa e de tradução desse livro. É a partir daí que firma definitivamente seu nome como tradutor de ficção científica, assinando a tradução de vários clássicos como Neuromancer, 2001: Uma Odisseia no Espaço (livro), Fundação, Snow Crash, O Homem do Castelo Alto, Admirável Mundo Novo e livros mais recentes como A Cidade & A Cidade, Estação Perdido, A Roda do Tempo, Herdeiros do Tempo, HEX, Salmo para um Robô Peregrino, O Renascimento de Marx e Autonorama.
Em 2009 publicou seu primeiro romance, Os Dias da Peste. Nessa época ele começa a publicar seus primeiros textos em inglês, primeiro como resenhas de livros para sites como The Fix e Fantasy Book Critic e para o portal SF Signal, ganhador de dois Hugo Awards, e depois contos em diversas revistas digitais. Começa a ser publicado em diversas antologias nos EUA e na Inglaterra, como Steampunk II, editado por Ann e Jeff Vandermeer, e Outlaw Bodies, editado por Lori Selke e Djibril al-Ayad. Com al-Ayad, editor da revista Future Fire, que Fabio Fernandes co-editou a coletânea de ficção científica pós-colonialista We See a Different Frontier, em 2013. No mesmo ano, foi selecionado para participar oficina literária Clarion West Writers Workshop, em Seattle, tendo como instrutores Neil Gaiman, Elizabeth Hand e Samuel Delany, entre outros.
Ao voltar para o Brasil, publicou a antologia Vaporpunk 2, co-editada por ele e Romeu Martins, e que ganha o Prêmio Argos de Melhor Antologia. Seu conto Eleven Stations, publicado na antologia comemorativa para Samuel Delany Stories for Chip, recebeu Menção Honrosa do editor Gardner Dozois em sua antologia anual The Year’s Best Science Fiction 33 (2016).
Em 2019 lançou o segundo romance, Back in the USSR, que foi finalista na edição 2020 do Prêmio Jabuti pela então recém-criada categoria Romance de Entretenimento. Durante a pandemia da COVID-19, lança três e-books: Como Ler Melhor, Como Ler Melhor 2 e Foco. Depois de alguns anos ministrando cursos presenciais, Fábio lançou os cursos online: Ficção Científica no Campo Político, Oficina Literária Terra Incógnita e O Texto como Origami, todos na plataforma Hotmart. No fim de 2020, teve um ato de sua peça Ao Fim do Longo Inverno (ainda inédita) traduzido para o inglês e lido no festival de teatro de ficção científica TALOS IV, na Inglaterra.
Em março de 2021 publica seu primeiro livro solo no mercado de língua inglesa, a coletânea Love: An Archaeology. Em maio do mesmo ano Fábio se muda para a Itália com sua esposa, a pesquisadora e consultora Patrícia Salvatori, e sua enteada Larissa, onde residem por um ano.
Ao retornar ao Brasil, lança mais um livro em língua inglesa, Under Pressure, novela steampunk que homenageia Jules Verne, H. G. Wells, Sherlock Holmes, Jerry Cornelius e David Bowie. Para o mercado brasileiro, lança a novela Love Will Tear Us Apart, biografia alternativa surrealista sobre a vida e a morte do cantor Ian Curtis, além do curso Todos os Punks da Sci-Fi e a oficina Escreva como um Punk. Ainda em 2022 publica um capítulo no livro Uneven Futures – Strategies for Community Survival from Speculative Fiction.
2023 foi um dos anos mais produtivos de Fábio, tanto na academia como na literatura, com a criação do grupo de pesquisa Observatório do Futuro, na PUC-SP; o lançamento da novela cyberpunk climática Rio 60 Graus, como parte da coleção Dragão Mecânico, da Editora Draco; a publicação do conto WiFi Dreams na mega antologia The Big Book of Cyberpunk; o lançamento da coletânea *16*, um apanhado de sua produção de contos escritos entre 1989 e 2017, pela Editora Caos e Letras; a participação na conferência Disruptive Imaginations, da Science Fiction Research Association, em Dresden; a premiação internacional de sua novela Under Pressure no Utopia Awards 2023; a publicação do conto Tanto no livro Leia esta canção: Beto Guedes, homenagem da editora Garoupa ao músico Beto Guedes; e a publicação dos contos Hinoeuma e The Last Science Fiction Writer: A Hallucination na revista Interzone Digital. Este último conto foi descrito e elogiado pelo site Tor.com como uma intrigante e divertida história comparável à experiência de provar um prato novo com muitos sabores que se entrelaçam.
Em 2024 publicou a terceira edição do romance Os Dias da Peste, a primeira em capa dura, com prefácio do cantor e escritor Fausto Fawcett e posfácio de Gabi Souto, pesquisadora da UEPB, cujo mestrado foi sobre o livro. Também publicou Arquétipos de Massa: Labirintos, coletânea com 70 microficções escritas entre 1998 e 2003.
Um ponto alto de 2024 foi o convite para integrar um grupo internacional de escritores em visita a Chongqing, na China, onde ministrou uma oficina literária de ficção científica para universitários. O ano se encerrou com a publicação da aventura steampunk O Torneio de Sombras. A continuação, Os Agentes do Caos, está prevista para dezembro de 2025.